[Passei a usar as aspas como os alemães usam.]
Passei a gostar de leite frio quando tenho sede à noite. Nem sempre tenho tempo de aquecê-lo.
Passei a achar normal pagar 2 € por um café.
Passei a separar o lixo a sério e não a brincar como em Portugal.
Também passei a trazer sempre um saco na mala para o caso de ir ao supermercado.
E passei a ser eu a fazer a lista das compras.
Passei a olhar para o Professor como o meu colega mais prestável.
Passei a ver a cidade como a da minha rotina e não como um ponto turístico.
Passei a lavar a loiça do pequeno-almoço.
Passou a incomodar-me que o eléctrico se atrase um minuto.
Passei a também não atravessar a estrada com o sinal vermelho.
Passei a olhar com naturalidade aqueles que às 10 da manhã comem pão com salsicha e molhos.
Passei a não dar pela falta de guardanapos à mesa.
Passei a ver o correio todos os dias. (Ansiosamente.)
Aqui ninguém olha para a marca dos telemóveis uns dos outros.
Aqui a correria faz-se a pedalar na bicicleta.
Aqui as luvas fazem parte do dia-a-dia dos latinos.
Deixei de desperar quando surge um afazer. São demasiados, para se pensar no receio que temos deles.
O cheiro da minha casa, que no início me incomodava, identifico agora como o cheiro de um doce lar onde anseio chegar todos os dias, no percurso (gelado) de regresso.
Então passei a preocupar-me com "o que vou fazer hoje para jantar".
Sem dúvida. Aos poucos adaptamo-nos.