13 junho, 2006

Falta um pouco.

Sinto-o aproximar-se novamente. Esse vento mais forte que leva as cores mais carregadas da minha mente. Surge sem aviso, é inconveniente, fatigante e bloqueador. Faz-me ter saudades das manhãs em que salto da cama atrás dos meus projectos, para tantas horas depois concluir que foi um dia preenchido e isso preencher-me interiormente. Dar um contributo a qualquer nível faz-me sentir maior e melhor, ajuda-me a acreditar nas capacidades que se escondem na ramificação melindrosa de uma alma que dá tão pouco do que poderia dar. Ocupar o tempo, saboreá-lo com sorrisos, partilhas, lembranças, planos, conversas, presenças, eis a vontade que recalco com o passar dos anos, presa ao futuro que “só virá depois” e que, convenço-me, me dá tempo de aprender a vivê-lo. Armadilha essa a de me distanciar do amanhã, por saber hoje que assim já perdi muito do que pude ter. Feliz, polida, tranquila, responsável e atenta, características que já não coincidem certamente com o dinamismo, o risco, o avanço, a vontade e a sua força. Orgulhosa sim, de mim mesma, porque antes tarde do que nunca adquiri essa consciência, a de saber que “tenho de” mais do que “terei um dia de”. O futuro faz-se no presente, a nuvem que passou sei-a aproximar-se de novo, mais tarde ou mais cedo, e terei de estar preparada para ela, cada vez mais e melhor, até ao dia em que faça e diga tudo sem sentir a tempestade que me cai em cima.


Falta pouco para esse auto-teste, sem que dele precise de tirar provas para quem quer que seja. Mas aproxima-se impiedosamente a data marcada em que terei de pôr em prática tudo aquilo em que tenho pensado, sobre o que tenho escrito, que me tem atormentado e encorajado, nuns dias mais, noutros menos. Nessa altura não terei tempo para projecções, talvez nem sequer expectativas. Não as quero, por me faltar a bagagem que permita construí-las com razão. Estou forçada a este amadurecimento radical porque assim o quis, porque graças a Deus tive várias manhãs de sede de fazer, tendo hoje um pequeno caminho esbatido por onde decidi que me vou aventurar.

E, em todo o caso, a vontade não dita a preparação. Tortura essa de saber que lá mais à frente me vai doer, tanto e com tanta força, com tanto frio, solidão, vazio, questionamento. Falta tão pouco para me ver confrontada com tanto, falta-me tanto para não ter medo, mas quero crer que falta só um pouco para que finalmente eu comece a acreditar que consigo.

5 comentários:

Anónimo disse...

falta um pouco...para que mostres a ti mesma aquilo que muitos de nós ja sabemos há muito: que es uma menina MUITO FORTE...capaz de fazer tudo aquilo a que se propoe...
e aí vai vir o sorriso de orelha a orelha de que eu tanto gosto!!

Catarina disse...

Quando leio este texto faltam-me as palavras para te dizer aquilo que queria realmente dizer, aquilo que o meu coração sente (mas que tu sabes bem que tantas vezes é difícil de explicar e transpor para uma folha de papel)...
Deixo-te, assim, com um abraço e com a certeza de que acreditas mais em ti do que aquilo que pensas...porque a coragem para tomar as decisões que tu tantas vezes tomas não nasce sozinha...
*beijos*

Anónimo disse...

è verdade falta um pouco para que ele parta, para que o teu, o vosso futuro se decida...mas felizmente também falta só um pouco, um pouquinho...para estar ai...junto a ti!!!

Anónimo disse...

Claro que consegues!!
Eu sei e tu também sabes!
Beijinhos muitos

Caramela disse...

Falta um pouco... para tanta coisa...
Não penses no pouco que falta, nem na tempestade que sabes que ai vem...
Tens agora um tempo antes de chegar a tempestade, não penses no que há de vir, mas sim no que já tens ai contigo. E ai encontras a tua força, a que sempre tiveste e que às vezes te esqueces. Aproveita o agora e a força para tomar decisões chega, porque sempre a tiveste, sem precisar de pensar muito sobre ela.
Acredita em ti da mesma maneira que todos acreditamos porque sabemos que és capaz.
Bjs grandes***