mas a cidade, o país, a latitude trazem diferenças.
O aquecimento central engana. Visto o casaco mais curto a pensar que lá fora está agradável como no Zimmer 537. Quando abro a porta para a rua e sinto aquele vento continental geladinho bater na cara, lembro-me que o 5.º andar já está longe. “Que se lixe”.
Alguém trancou a minha bicicleta. Mas não se deixam bilhetes nem 4 piscas nem se buzina. (Há quanto tempo não oiço buzinar?). Tentei simplesmente fazer a minha linda e ferrugenta Fahrrad sair do estacionamento e lá fui eu.
Aqui é tudo “immer gerade aus”. Sem curvas vou parar ao centro e a vantagem da bicicleta é que quanto está verde para os carros vou na faixa dos carros e quanto está verde para os peões vou na faixa dos peões.
Elas ainda não tinham chegado à Augustusplatz. Nem sabia bem com quem me ia encontrar. Uma estudante de Medicina, aus Barcelona, que conhecera no Montagskneipe e que achei muito querida por falar português do Brasil sem dificuldades, convidou-me pelo MSN a ir ver um concerto.
E assim estava eu na Thomaskirche, com três espanholas e uns duzentos alemães à minha volta, num fim de tarde (diga-se, dezasseis horas) de Domingo. Tocou o Coro da Universität Leipzig com Orquestra. Belíssimo. Arrepios, olhos fechados a saborear esta capacidade de dezenas de pessoas conseguirem criar uma musicalidade tão perfeita. E aos poucos começo a acreditar que os músicos sabem quando gostámos do espectáculo, mesmo sem aplaudirmos – porque aqui não se aplaude.
“Wollen wir ein Kaffee trinken?” – Natürlich. Levo a bicicleta pela mão e prendo o cadeado a um qualquer poste ao pé do Coffee Culture. Queríamos o Lukas Café, mas fechava às 18 horas. “Estamos en Alemania…”
“Ich hätte gern ein Espresso und einen Zitronekuchen, bitte”. Que não deu para saborear muito bem. A amiga da Bulgária (num mês fazem-se amigos, aqui) telefonou porque ficou sem Internet. “Vem lá a casa daqui a nada, usas a minha”...
E então, meninas, tive de ir mais cedo. "Scheiβe, já é noite e eu insisto em arriscar andar por aí sem luz na bicicleta. Não há Polizei ao Domingo, hoje não se trabalha na Alemanha", pensei. E de facto a multa sempre sai mais barata do que comprar uma luz nova.
E novamente me fiz ao caminho “immer gerade aus”, com o vento consideravelmente mais gelado, próprio do cair da noite. Estacionei a bicicleta na Tarostraβe, Nummer 12.
Ah, que quentinho que está em casa. “Dling-dlong”. “Maria, es ist für mich“, digo eu à minha Mitbewöhnerin, para se deixar ficar no quarto com os pais e o cão.
A minha amiga búlgara usa a Internet enquanto pinto as unhas e leio qualquer coisa.
O aquecimento central engana. Visto o casaco mais curto a pensar que lá fora está agradável como no Zimmer 537. Quando abro a porta para a rua e sinto aquele vento continental geladinho bater na cara, lembro-me que o 5.º andar já está longe. “Que se lixe”.
Alguém trancou a minha bicicleta. Mas não se deixam bilhetes nem 4 piscas nem se buzina. (Há quanto tempo não oiço buzinar?). Tentei simplesmente fazer a minha linda e ferrugenta Fahrrad sair do estacionamento e lá fui eu.
Aqui é tudo “immer gerade aus”. Sem curvas vou parar ao centro e a vantagem da bicicleta é que quanto está verde para os carros vou na faixa dos carros e quanto está verde para os peões vou na faixa dos peões.
Elas ainda não tinham chegado à Augustusplatz. Nem sabia bem com quem me ia encontrar. Uma estudante de Medicina, aus Barcelona, que conhecera no Montagskneipe e que achei muito querida por falar português do Brasil sem dificuldades, convidou-me pelo MSN a ir ver um concerto.
E assim estava eu na Thomaskirche, com três espanholas e uns duzentos alemães à minha volta, num fim de tarde (diga-se, dezasseis horas) de Domingo. Tocou o Coro da Universität Leipzig com Orquestra. Belíssimo. Arrepios, olhos fechados a saborear esta capacidade de dezenas de pessoas conseguirem criar uma musicalidade tão perfeita. E aos poucos começo a acreditar que os músicos sabem quando gostámos do espectáculo, mesmo sem aplaudirmos – porque aqui não se aplaude.
“Wollen wir ein Kaffee trinken?” – Natürlich. Levo a bicicleta pela mão e prendo o cadeado a um qualquer poste ao pé do Coffee Culture. Queríamos o Lukas Café, mas fechava às 18 horas. “Estamos en Alemania…”
“Ich hätte gern ein Espresso und einen Zitronekuchen, bitte”. Que não deu para saborear muito bem. A amiga da Bulgária (num mês fazem-se amigos, aqui) telefonou porque ficou sem Internet. “Vem lá a casa daqui a nada, usas a minha”...
E então, meninas, tive de ir mais cedo. "Scheiβe, já é noite e eu insisto em arriscar andar por aí sem luz na bicicleta. Não há Polizei ao Domingo, hoje não se trabalha na Alemanha", pensei. E de facto a multa sempre sai mais barata do que comprar uma luz nova.
E novamente me fiz ao caminho “immer gerade aus”, com o vento consideravelmente mais gelado, próprio do cair da noite. Estacionei a bicicleta na Tarostraβe, Nummer 12.
Ah, que quentinho que está em casa. “Dling-dlong”. “Maria, es ist für mich“, digo eu à minha Mitbewöhnerin, para se deixar ficar no quarto com os pais e o cão.
A minha amiga búlgara usa a Internet enquanto pinto as unhas e leio qualquer coisa.
“Danke, Débora.”
“Bitte! Janta cá hoje.”
8 comentários:
oh.. isto é o que na minha lingua se chama um texto bonito e fofinho. muito visual, gostei de quase literalmente ver os teus movimentos e movimentações nesse espaço que claramente te vai sendo crescentemente familiar (em multiplos sentidos). um beijinho especial.
ps - aqui faz frio
(hoje fui o primeiro em ambos os media que dispoes para comunicar :D)
ps - e em ambos tive que escrever um segundo comment pra mandar mais uma laracha...
...bem antes que me comecem a chamar nomes ca vai=)
Quanto ao teu dia, foi bem mais interessante q o meu, passado sentada à frente da secretaria, quentinha, isolada do frio que por ca tb ja se faz sentir!
Hoje as saudades dos meus "estrangeiros" foram maiores...lisboa não é a mesma sem vocês...faz um bocadinho mais frio...
Mas para os que ficaram aquece saber que voces estão a adorar, e aproveitar o melhor possível!
Quanto à multa ainda há dias levei uma de estacionamente...30€...tem cuidado com a nossa sintonia, se calhar é melhor comprar a luz=P
bjao
Miuda...espero que conduzas melhor a bicicleta que conduzes o teu polo!!!eheh...tou mais ou menos a brincar!!!lol
beijinhos...
que fizeste para jantar???:)
É bom já conseguir perceber o que dizes em alemão:P Estas tecnologias:) O bolo de limão estava saboroso?:P
Gostei muito do teu dia :)
E faz-me ter ainda mais saudades...tuas, do que fiz quando estive em erasmus...saudades da vossa falta!*
miúda, só tu para falares ao povo latino do romantismo alemão, que para nós, muitas vezes, não existe! Parece que vives na "Música no Coração"!
pois é´meu amor jaá´te leio ha´algum tempo mas nunca tive corajem pra escrever adoro a tua convivencia as tuas saudades que tb saõ as minhas!agora consigo imaginar os teus caminhos´,o frio, as bolas de berlim, as bicicletas e principalmente o teu canto quentinho onde tu dá´s asas a tua escrita que tãõ bem faz a quem te le^.saudades grandes......
Como te entendo... E que saudades... Boas viagens na minha antiga bicicleta, que ainda dá pr'as curvas! ;)
Enviar um comentário