… perdeu-se uma vida. Jovem.
… perdeu-se um filho.
… um corpo desfez-se.
… começou um trauma.
… algo numa Família perdeu sentido.
… outros números foram ignorados.
… os media esbracejaram.
… não houve tempo para despedidas.
… houve muitos arrependimentos.
… houve pena.
… lembrei-me do Eduardo.
… parou-se para pensar.
… o tempo parou.
… o alheio aconteceu connosco.
… a coincidência assustou.
… a estabilidade fez-se estilhaço.
… a confiança traiu.
… um fenómeno nacional perdeu o seu sentido para, quiçá, ganhar outro.
… soltaram-se os clichés.
… a fama pareceu ensinar.
… o adulto não soube explicar.
… a Televisão (i) exagerou.
… explorou-se a dor.
… cresceu a apatia.
… cresceram as romarias.
… o amigo sofreu.
… dois irmãos angustiaram-se.
… questionou-se o habitual.
Num instante o choque alastrou e mais uma vez a dor viu-se efémera para uns e eterna para outros.
A revolta face à exploração mediática da morte de um jovem, apenas porque era (!) um ídolo para muitos adolescentes, faz apetecer o off da televisão, como se não interessasse. Começamos a deixar de ter espaço para fazer o nosso juízo de valor, como se não nos deixassem sentir mortes destas sem nos emocionarmos com as imagens do jovem ao som de músicas que apelam ao amor pela vida, sem passarmos SMS e outras mensagens de condolências, sem seguirmos as cerimónias fúnebres pelo pequeno ecrã.
Não sei nem cabe a mim saber o que é correcto dizer ou pensar acerca de um fenómeno destes.
Resta-me respeitar aqueles para quem, num instante, a vida não seguiu em frente.
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