"As saudades de casa não dependem do tempo que estamos longe".
Há dias em que a intensidade dos projectos no estrangeiro é tão grande, que a saudade vale a pena. Há outros, seja na primeira ou na trigésima semana, em que a saudade é tão tão forte que nos parte aos bocadinhos. Aí desejamos ter um quarto e uma cama bem pequeninos, para aconchegar a angústia. E fechamos os olhos, para não ver o cinzento do céu lá de fora.
Custa mais quando sentimos a decisão sobre nós. Ninguém me obrigou a vir para aqui, me pediu sequer. Vim porque quis - e porque pude...
Agora o lema não pode ser a lamentação ou o medo. Tento a cada manhã repetir a mim mesma: "Vamos começar por baixo, trabalhar muito e sonhar demais". Afinal, o meu grande dilema está em boa parte solucionado. Descobri uma direcção: a direcção do internacional, da Europa, do Mundo. Não sei se quero as notícias acima de tudo, mas pelo menos já sei que não quero as notícias locais ou mesmo nacionais. Também não sei se quero a comunicação para a venda a substituir a comunicação como dever público de informar. Mas é a comunicação para a venda que me compra o trabalho com maior valorização.
O que eu queria mesmo era levar a minha mente de volta para a escola, pois aí não pensava em dinheiro. Nunca pensei que se tornasse nesta obsessão - e ao mesmo tempo uma obsessão obrigatória. Além disso, nos tempos da escola nem eu nem ninguém pensava nesta crise desta forma. E já não é uma crise económica: é uma crise social, uma crise existencial elevada à escala de um País com uma linda História.
É uma frustração dificílima de descrever. Porque o que eu mais queria era caminhar para o meu trabalho sobre a calçada portuguesa, subindo e descendo as colinas da minha cidade. O que eu mais queria era ter a minha Família por perto e um céu azul por cima. Queria rever os sorrisos do meu povo, as melodias do meu Fado, a maresia do meu Tejo, os sons da minha Língua. A língua mais bonita do mundo (não preciso de conhecer as outras).
O que eu mais queria era ser valorizada no meu País, por ter feito o politicamente correcto: terminar a escola com sucesso, ter o curso que queria na Universidade e tornar-me numa licenciada com vontade de trabalhar e de evoluir.
Mas parece que muito poucos estão a reconhecer o nosso valor. Não é justo. Um país já degradado está a mal-tratar os jovens que são o seu futuro. Está a deixá-los escapar e um dia pode ser tarde para querê-los de volta. Mas não é só nisso que os Portugueses não sabem pensar a longo prazo, não é?
Somos tantos, que devíamos juntar-nos em nome do que valemos.
Equanto o comodismo nos vai vencendo, eu vou-me integrando na sistematicidade germânica. Hoje é engraçado, amanhã é cansativo, volta a ser um exemplo a seguir, de repente farta e regressa ao estatuto de orgulho.
Vou balançando constantemente aqui na Europa Central, qual emigrante que sonha voltar à terra por uns dias. Só para estar junto das raízes, olhar para o mar e comer umas sardinhas.
Saudades que têm de valer a pena.
Há dias em que a intensidade dos projectos no estrangeiro é tão grande, que a saudade vale a pena. Há outros, seja na primeira ou na trigésima semana, em que a saudade é tão tão forte que nos parte aos bocadinhos. Aí desejamos ter um quarto e uma cama bem pequeninos, para aconchegar a angústia. E fechamos os olhos, para não ver o cinzento do céu lá de fora.
Custa mais quando sentimos a decisão sobre nós. Ninguém me obrigou a vir para aqui, me pediu sequer. Vim porque quis - e porque pude...
Agora o lema não pode ser a lamentação ou o medo. Tento a cada manhã repetir a mim mesma: "Vamos começar por baixo, trabalhar muito e sonhar demais". Afinal, o meu grande dilema está em boa parte solucionado. Descobri uma direcção: a direcção do internacional, da Europa, do Mundo. Não sei se quero as notícias acima de tudo, mas pelo menos já sei que não quero as notícias locais ou mesmo nacionais. Também não sei se quero a comunicação para a venda a substituir a comunicação como dever público de informar. Mas é a comunicação para a venda que me compra o trabalho com maior valorização.
O que eu queria mesmo era levar a minha mente de volta para a escola, pois aí não pensava em dinheiro. Nunca pensei que se tornasse nesta obsessão - e ao mesmo tempo uma obsessão obrigatória. Além disso, nos tempos da escola nem eu nem ninguém pensava nesta crise desta forma. E já não é uma crise económica: é uma crise social, uma crise existencial elevada à escala de um País com uma linda História.
É uma frustração dificílima de descrever. Porque o que eu mais queria era caminhar para o meu trabalho sobre a calçada portuguesa, subindo e descendo as colinas da minha cidade. O que eu mais queria era ter a minha Família por perto e um céu azul por cima. Queria rever os sorrisos do meu povo, as melodias do meu Fado, a maresia do meu Tejo, os sons da minha Língua. A língua mais bonita do mundo (não preciso de conhecer as outras).
O que eu mais queria era ser valorizada no meu País, por ter feito o politicamente correcto: terminar a escola com sucesso, ter o curso que queria na Universidade e tornar-me numa licenciada com vontade de trabalhar e de evoluir.
Mas parece que muito poucos estão a reconhecer o nosso valor. Não é justo. Um país já degradado está a mal-tratar os jovens que são o seu futuro. Está a deixá-los escapar e um dia pode ser tarde para querê-los de volta. Mas não é só nisso que os Portugueses não sabem pensar a longo prazo, não é?
Somos tantos, que devíamos juntar-nos em nome do que valemos.
Equanto o comodismo nos vai vencendo, eu vou-me integrando na sistematicidade germânica. Hoje é engraçado, amanhã é cansativo, volta a ser um exemplo a seguir, de repente farta e regressa ao estatuto de orgulho.
Vou balançando constantemente aqui na Europa Central, qual emigrante que sonha voltar à terra por uns dias. Só para estar junto das raízes, olhar para o mar e comer umas sardinhas.
Saudades que têm de valer a pena.
10 comentários:
Bom dia miúda!
Não acredito que seja só por não encontrares trabalho aqui que foste para aí! Às vezes, sei que pensas em muitas outras razões, que te deram força para ires para a tua querida Alemanha, sem lamentações e sem ponderar bem as saudades! Porque há tantos sonhos ainda por descobrir, que é melhor abrir as portas do coração e...saltitar!!
Só assim conseguiremos encontrar aquilo que procuramos...
Seja na Europa ou na almofada, enquanto se planeia uma viagem qualquer!!
Garantido é o regresso, e a tua presença constante, aqui, bem perto de nós!!
Por isso, não fiques triste...
Sabes...a primavera já está a chegar!!!:D
Valem, de certeza. :)
Beijinhos**
Miuda, bem sabemos que o bom de estar fora é saber que um dia voltamos felizes ao ninho de sempre. Quanto à escassez de oportunidades, nem vale a pena falarmos disso...luta por aí porque vai haver um cantinho que te faça feliz, de certezinha...a tua luta será compensada! Não desanimes!
permite-me: lindo.
beijos de nós todos.
tia
o comentaário ,mj, sensibilizou-me tanto quanto o teu corajoso e extraordinário texto. parabens mais uma vez pela tua virtualidade.
estar fora do nosso país, acarreta sempre dois lados: períodos de euforia pela novidade, mas também dias de saudades da rotina.
Se há alguém que sempre deu valor ao seu cantinho e aos que dele fazem parte, foste tu. mas igualmente percebeste que essas pessoas estão sempre prontas para te receber, enquanto que as oportunidades lá fora fogem e senão forem agarradas agora, o mais provavél é de desaparecem, juntamente com a coragem.
Sim minha pequena, tens te revelado extremamente corajosa, com um coração de leão que persegue com todas as forças um ideal...vencer!!
Força!!
Estaremos sempre aqui para te mimar e ver brilhar :D
Dás cabo de mim porque te percebo muito bem...mas o melhor de termos noção disso é que tudo nos motiva mais para seguirmos o nosso sonho!
Um beijo doce*
Se te fizer sentir melhor, hoje dia 19 de Março,Lisboa, nem céu azul, nem cheiro de sardinhas assadas.
Chove,está frio e ainda somos mal pagos.Também nós, em Portugal sentimos saudades.
Quando uma oportunidade surge há que a agarrar. Há dias em que a saudade não custa ou doi e em que apenas sentimos a euforia de estar a fazer algo diferente num pais que agora já não é assim tão estranho para ti. Noutros custa e a saudade remoi. Mas mais importante que tudo isto foi e é a tua coragem em tentar algo diferente. Força! E lembra te que o teu cantinho estará sempre por cá. E tu estás sempre nos pensamentos de quem de ti gosta. ;)
Beijinhos
Não aguento estes textos. Dás cabo de mim. =') E é graças a esta capacidade de mover pensamentos e emoções que sei que vais conquistar tudo o que queres (e mais alguma coisa para partilhares connosco! =)
Bjo grande*
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