14 dezembro, 2007

A caminho

Agora ela gosta de ir, porque habituou-se a ir de repente, a ir andando, a ir embora.

A mesma que não gostava de estar por sua conta, a não ser andando a pé pelas ruas inclinadas de Lisboa, de repente passou a gostar de ir, sem grande aparato.

Não que se tenha habituado a fazer as malas. Continua a não saber como levar tudo o que lhe é importante. Até porque o que é mais importante não conhece aquele “ir”. Apenas embarca psicologicamente com ela...

Descobriu que gosta de ir para o norte, onde o vento e a chuva a obrigam, como sempre diz, a "aconchegar-se no cachecol" para pensar nas suas conquistas. Lembra-se de como foi feliz com temperaturas negativas a baterem-lhe nas faces branquinhas, sem sol.

Já lhe disseram que é próprio dos caranguejos. São caseiros, familiares, e a dada altura resolvem ir andando. Ou voando, se ela for mesmo um passarinho... Talvez ela tenha alcançado essa "altura", no tempo e em si mesma, de ter a vontade grande de ir para descobrir, partir e depois regressar, ver para depois contar. Mas essa é a mesma altura em que os receios se multiplicam. Porque à medida que se habitua a ir, mais normal se torna fazer as malas, e mais difícil passa a ser deixar cá tanta bagagem...

3 comentários:

Catarina disse...

Porque é também assim que gostamos de te ver. Decidida. Mais forte. Audaz. Corajosa.
Não te elogio mais se não ficas muito convencida...Um beijo daqueles!

Anónimo disse...

:)
É exactamente isso!!
Sair de uma cidade às 5h da manhã, de orelhas e nariz congelados com os graus negativos. Ver as milhares de luzes à noite,da janelinha do avião, adormecer e só acordar com a luz desta nossa Lisboa. Ver a Ponte 25 de Abril, as Amoreiras, o Marquês de Pombal, a "nossa" faculdade, tudo de cima, a relativizar a importância que damos a tudo o que nos acontece. E ainda assim precisamos tanto de voltar às nossas pequenas coisas.
É tão bom viajar, mas é tão bom o regresso à nossa Casa. Voltar ao nosso quarto, ver se "há novidades", sermos recebidos com o sorriso especial de quem diz "fizeste falta".
Até percebermos que a nossa casa pode ser em qualquer lado e que aquelas pessoas que contam vão connosco para toda a parte. Podemos ir, sem medo. Que quando estamos bem, podemos fazer de qualquer cantinho "lá fora" um lugar onde nos sentimos aconchegados.(com a ajuda de cachecóis, chocolate quente e de boas companhias, se for preciso).
É muito bom saber que estamos no mesmo registo. E saber que pertencemos a esta Europa, com oportunidades de que somos nós os primeiros a usufruir.
Gosto muito de ti, menina das covinhas que se tornou numa adulta independente, ou sim, talvez num pássaro com penas cor-de-laranja que já consegue deixar o ninho. :)
Beijos e mais bejinhos, é quase Natal.*

Anónimo disse...

É ir, miúda!! Ir para ver, para experimentar, para sentir, para solucionar, para pensar, para escrever,crescer, sorrir, chorar, para conseguir viver. Ir para voltar!!
Estás outra vez de partida e nós, já ansiosas para que vás e para que voltes depois, de maneira a envolver-te no abraço que já te preparámos para o regresso!!

Esperamos por ti!!
beijo***