Tudo, tudo, tudo interiorizado. Uma marca a não esquecer.
O semblante carregado não impediu o manifesto bonito da união, a vontade de estar presente. As lágrimas, adiei-as para tentar prestar o apoio que se presta em alturas como esta, que nunca tinha vivido. São tão bonitos, os laços de sangue verdadeiros.
E a Amizade ali entregue, em abraços apertados e palavras de força, fazia esquecer a escuridão fria e as cores negras dos casacos.
Fala-se de tudo, mas não há conversa de ocasião. Apenas ajudamos a descarregar o peso que se abate sobre nós.
A amizade encontra ali contornos que não se vêem tão nítidos em Natais, nem em aniversários, nem em telefonemas e encontros esporádicos. Triste ironia, mas ao mesmo tempo curiosa e gratificante. É sentir que a idade fortifica tudo aquilo que vi com agrado.
As lágrimas acabaram por não resistir a saltar. Bem-vindas.
O mais bonito foi ver a união de três Irmãos, sobrevivente a todas as adversidades que não conheci, cujas histórias me chegaram turvas. Como se sentisse que não lhes pertencia; que aquela juventude, fora uma Guerra que todos os dias conheço um pouco mais por me mostrar de Quem vem a minha educação, aquela juventude não pertenceu ao meu mundo, e por isso fica para eles os três.
Mesmo da tua História ficou tanto por contar, que anseio ler as linhas que tão dedicadamente escreveste para um dia conhecermos.
Não contávamos com isto, mas talvez tu o tivesses sentido. Desculpa se não o percebemos. Mas creio que não faz mal, pois vai estar sempre presente em nós o teu sorriso, as tuas duras críticas em tom de graça, os teus grandes olhos azuis, a tua memória, a teu cumprimento "minhas queridinhas" com a pronúncia do norte que tanto orgulho te dava.
Deste conta da beleza? As raízes do Porto, o "filho mais velho" de Torres Vedras, "o do meio" de Lisboa e "meu mais novo" do Brasil, ali juntos para ti. Temos de ver a beleza dos momentos tristes. Se não deste conta, eu digo-te: foi bonito, bonito, bonito, vê-los caminhar abraçados ao som dos passarinhos, num dia lindo de sol de Inverno. Foi lindo senti-los relembrarem-te, com tanto no seu interior que desconhecemos, a manifestarem tão livremente o orgulho do Pai que foste.
Agora... agora, o teu "Anjo da Guarda" não te perdeu. Nós é que ganhámos outro Anjo.
Saudades de todos aqueles que te fizeram sentir rico.
[Este é um texto só meu e dos que lá estavam. Está aqui porque precisava de gritá-lo.]